sábado, 22 de junho de 2013

Contradições

Acho engraçado algumas contradições. Muita gente batia no peito por aí e dizia: eu odeio política. Com isso, ajudava a eleger esse Congresso que está aí e do qual a presidente Dilma depende para aprovar os seus projetos para o país. Esses mesmos agora vão pra rua protestar reivindicando melhorias e o pior opinando sobre assuntos mais diversos, tipo PEC 37, sem nem entender o que estão defendendo. Acho legal que essas pessoas estejam descobrindo a importância da política para o nosso dia a dia e espero sinceramente que continuem reivindicando, mas também ajam com mais responsabilidade na hora de irem as urnas elegerem seus representantes, que saibam quem são eles, o que defendem, suas propostas e, principalmente, acompanhem seu desempenho no mandato e se estão cumprindo as propostas com as quais se elegeram.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Muita calma nessa hora

É tanta gente falando tanta coisa que julga entender, que temo a decepção de alguns daqui a pouco. Sim porque uns falam disso, outros daquilo e isso já dá o caráter da coisa: o único consenso é ir protestar contra o que está aí. Claro, existem sentimentos represados, principalmente numa certa classe média que se sente abandonada em seus interesses e projetos, mas isso será encaminhado realmente para um projeto político de mudanças concretas, reais, ou ficará só no sonho e na vontade dos que vão às ruas despejar sua revolta? Será que vai ser assim, sem partidos políticos, sem movimentos, sem bandeiras concretas? Será que está a caminho uma outra sociedade, como alguns creem? Eu acho tudo estranho, porque sempre participei de lutas que tinham objetivos concretos: abaixo a ditadura, anistia ampla geral e irrestrita, diretas já, fora Collor, contra as privatizações. Eu fico preocupado, por exemplo com um certo sentimento udenista dessas pessoas, que me cheira a "marcha da família, com Deus pela liberdade". Esta proibição de bandeiras de partidos, este vazio de projetos. Sim, porque quando se quer tudo, não se quer nada. Quando se é contra tudo, não se é contra nada. Queremos melhor saúde, melhor educação, melhor transporte (tão genérico que parece programa eleitoral de qualquer candidato). Por que então, ao invés dessa generalidade, não defendemos que todo o dinheiro arrecadado com o petróleo do pré-sal seja investido em educação, proibindo, por exemplo, o seu gasto em shows, micaretas e desfiles de carnaval? Por que ao invés do genérico abaixo a corrupção, não lutamos para que o Congresso aprove uma reforma política com a proibição de campanha eleitoral financiada por empreiteiras, bancos, grandes empresas etc.? Aliás, eu queria saber dos manifestantes suas opiniões sobre as quotas raciais nas universidades públicas, se são contra ou a favor da redução da maioridade penal, se são a favor de uma lei de meios, que democratize os meios de comunicação social do país, proibindo, por exemplo, a propriedade cruzada. Enfim, essas questões sim, dão uma boa briga, dignas de tiro, porrada e bomba. Porque isso sim, faria o país avançar, destravar o debate político. Briga boa contra as multinacionais do petróleo, contra o agronegócio, contra os bancos e a especulação financeira, contra os grandes grupos de mídia que monopolizam a difusão da informação. Mas tenhamos esperança, porque desse caos de sentimentos difusos algo pode sobressair.

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Notas Musicais: 'Eterno alegria' reconecta Alcione ao samba com el...: Resenha de CD Título: Eterna alegria Artista: Alcione Gravadora: Marrom Music / Biscoito Fino Cotação: * * * * 1/2 Eterna alegri...

'Eterno alegria' reconecta Alcione ao samba com elegância e inspiração

domingo, 16 de junho de 2013

Será apenas uma revolta de 20 centavos?

Já passei da idade de acreditar na pureza das coisas e na ingenuidade bem intencionada, até porque o problemas do inferno são as boas intenções. Portanto, prefiro aguardar os acontecimentos a respeito dessa onda de protestos sobre aumento de passagens de ônibus. Para mim ainda não está claro que forças se movimentam por ali e que discurso poderia mobilizar politicamente para algo que vá além de uma luta por uma diferença de 20 centavos. Consegui identificar algumas bandeiras do PSOL e PSTU e uma parte de jovens estudantes de classe média, o que é muito pouco para tanto barulho. Pelos comentário de várias pessoas aqui pelo face, parece que já estamos em pleno processo revolucionário. Uma manifestação com 3 mil ou 5 mil pessoas me parece muito pouco pra se chegar a tanto, mas isto também não desmerece nem deslegitima o movimento, nem tão pouco autoriza a polícia a agir com tanta violência. O que acho estranho, também, é a grande mídia, adversária do governo petista está amplificando tanto a cobertura desses fatos, quando sabemos que em outros momentos (Diretas Já, a luta contra a política neoliberal e as privatizações de Fernando Henrique) de muito maior mobilização e protesto, ela simplesmente se ausentou e escondeu estes eventos das telas e das páginas.

sábado, 15 de junho de 2013

Jornalismo de Economia. Ralo e falso | Conversa Afiada

Jornalismo de Economia. Ralo e falso | Conversa Afiada
 O ansioso blogueiro foi convidado a escrever sobre o assim chamado “jornalismo de economia” que se pratica no Brasil, o único país do mundo, segundo o Mino Carta, onde jornalista chama patrão de colega.

Aí vai:

Atribui-se a Delfim Netto a mortífera frase “jornalismo de economia não é um nem outro”.

Claro que ele nega, peremptoriamente, a autoria.

Ainda assim, tome-se o aforismo como ponto de partida.

“Jornalismo” muitas vezes não é.

Porque é mais opinião do que informação.

E o bom jornalismo não mistura Igreja e Estado – não mistura opinião e informação.

Porque fica combinado assim: quem tem opinião é o dono.

Quem paga as contas.

Se o repórter enfia opinião na informação, é porque exerce a atividade de contrabandista: camufla a opinião do patrão – ou a sua, que só pode ser a mesma do patrão, por definição – no meio da informação.

Logo, trata-se de um embuste.

Também não é jornalismo, porque o chamado “jornalismo de economia” não é escrito para informar o leitor, espectador ou ouvinte.

Mas, para informar os economistas dos bancos, que já sabem tudo o que o jornalista quer lhe dizer.

Essa estranha mutação se dá por dois motivos.

Porque o jornalista de economia adoraria ser economista de banco.

E porque o jornalista de economia não tem a menor ideia do que interessa ao leitor.

A ignorância é colossal.

E, mesmo se soubesse, trocava o serviço ao leitor pelo serviço ao banqueiro.

Existe outra aberração, aqui: jornalistas de economia pensam que são economistas.

E assim se consideram, ao trabalhar.

Como se de um “economista” se exigisse mais do que de um dentista.

Esse menosprezo pelo leitor, espectador ou ouvinte se dá por uma deformação genética.

Os jornalistas de economia, como, de resto, jornalistas em geral, nasceram do mesmo ventre: as faculdades de jornalismo.

Faculdades de jornalismo, na grande maioria, são arapucas que não ensinam.

Como é obrigatório ter diploma para ser jornalista – uma aberração corporativista ! – as faculdades de jornalismo são – muitas vezes – gigolôs do diploma.

Eu finjo que te ensino, você me paga e eu te arrumo um diploma.

Na verdade, tudo de que alguém precisa para ser jornalista não exige mais do que três meses num laboratório do Senai.

O resto, o resto é ler Machado de Assis.

E aqui se chega a outro ponto capital: a Língua Portuguesa, aquela de Machado e Vieira.

Os jornalistas de economia são transgressores contumazes.

Não sabem escrever.

Tudo isso se deve a uma das excrescências do regime militar.

Como os militares embargaram o noticiário político, e se legitimavam com os feitos na Economia, a imprensa ampliou o noticiário da Economia e encolheu o da Política.

Depois, veio a hiperinflação.

Outro motivo para engordar a Economia.

O noticiário da televisão servia menos ao espectador do que ao Governo: manter, por exemplo, o congelamento de preços do Plano Cruzado.

A Globo desempenhou papel central nisso.

E se esborrachou com o descongelamento.

A certa altura, o Jornal da Globo, de 24 minutos de produção, tinha três – TRÊS ! – colunistas de Economia.

Este locutor que vos fala, o Joelmir Betting e a Lilian Witte Fibe, precursora da Miriam Leitão.

Sobre a segunda parte do aforismo delfiniano: Economia.

Não escrevem sobre Economia.

Porque dela não entendem patavina.

Divulgam press-releases.

Praticam o jornalismo do “disse que”: fulano disse isso, beltrano aquilo …

E reproduzem o Banco Central, ou o que ouvem dos economistas dos bancos, que, por sua vez e, por definição, dizem o que o Banco Central diz.

Isso, quando falam entre aspas.

Porque quando falam em off, os economistas dos bancos dizem o que querem que aconteça e manipulam os obsequiosos jornalistas de economia para reproduzir seus pleitos – e de seus bancos.

É o que acontece, por exemplo, com a Selic.

Os jornalistas de economia, como os bancos e seus economistas querem juros.

Juros !

O jornalismo de Economia é a vanguarda terrorista – clique aqui para ler sobre os terroristas da inflação – que espalha crises para derrubar governos trabalhistas.

São os novos Velhos do Restelo.

De cada dez palavras de um jornalista de economia, uma é “crise”.

“Crise” significa dizer ao leitor, espectador: não pense, você não está qualificado para pensar.

Você é um bestalhão !

Isso tudo é muito complicado e você não alcança a “crise” em sua dimensão cósmica.

Deixa que eu penso por você.

Eu e os “especialistas” que eu consulto.

(Como disse o Senador Requião, esses “especialistas” são os que nada sabem de tudo.)

Mais importante ainda: além de pensar, eu, jornalista de economia quero votar por você.

Como a “Ciência” da Economia se transformou na “Ciência” dos credores, assim é com o jornalismo de economia: joga no time dos que tem a receber.

E o devedor – leitor, espectador, ouvinte, o povaréu em geral – que se lixe.

Outro aspecto a conspurcar a pseudo Ciência da Economia é o caráter partidário do jornalismo de economia.

O jornalismo de economia é a favor do mais forte – sempre.

Do patrão, do credor,  da Casa Grande, da Metrópole.

Esteja o mais forte no PSDB, na Rede ou no PSB: só o mais forte garante o meu emprego.

E, aí, na fidelidade ao “mais forte”, se dá um fenômeno interessante.

A grande maioria dos jornalistas de economia só atravessou o Equador para ir a Disney.

Mas, pensa que capta os sentimentos mais profundos da Metrópole, geralmente instalada na City ou em Wall Street.

Provavelmente lá nunca estiveram.

Se estiveram, não entenderam a língua que ali se fala.

Mas, aqui, na versão luso-tropical, procuram reproduzir  o que imaginam ser o pensamento metropolitano.

Como aquele argentino que usava guarda-chuva quando lia no Times de Londres que a previsão era de chuva fina e fria.

De resto, o jornalismo de economia brasileiro não passa dos cabedais do repórter do Wall Street Journal que mereceu um discreto elogio de Paul Volcker, quando saiu do Banco Central: “você, meu filho, era o único jornalista que eu me dava o trabalho de ler”.

Atônito, respondeu o jovem: “mas, Mr Volcker, tudo o que eu fazia era reproduzir o que o senhor dizia”.

O jornalismo de economia é tão ralo quanto o jornalismo brasileiro.

E tão falso quanto a elite de que pretende fazer parte.

Em tempo: o autor das mal traçadas linhas ganhou a vida, por muito tempo, como jornalista de economia.


Paulo Henrique Amorim



quarta-feira, 5 de junho de 2013

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segunda-feira, 3 de junho de 2013

terça-feira, 28 de maio de 2013

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

Fonte: Hanna Harendt CenterA diretora Margarethe von Trotta, cujo numinoso filme de 2009 Visão contou a história da vida de Santa Hildegarda de Bingen, se debruçou sobre a história de outra mulher influente, a filósofa e teórica política Hannah Arendt (1906-1975).
A análise é da irmã paulina norte-americana Rose Pacatte, diretora do Pauline Center for Media Studies de Los Angeles. O artigo foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 25-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Hannah Arendt começa em Nova York, em 1960, onde Arendt (Barbara Sukowa), uma imigrante alemã e judia secular, escreve e ensina em uma universidade. Quando o Mossad, a agência de inteligência israelense, captura o oficial nazista Adolf Eichmann e o leva clandestinamente a Jerusalém para ser julgado, Arendt, que tem um grande interesse filosófico no totalitarismo, discute com seu marido, Heinrich (Axel Milberg), sobre o fato de pedir que William Shawn (Nicholas Woodeson), o editor da revista The New Yorker, a envie para cobrir o julgamento iminente para a revista. Shawn hesita, porque, como observa o seu assistente, "os filósofos não obedecem prazos". Mas ele concorda, e Arendt parte para Israel em 1961.
O filme gira em torno da cobertura de Arendt do julgamento para a revista e das suas aulas que abordam as controvérsias que os artigos despertam em seu retorno.
Arendt fica atordoada quando fica sabendo que o réu será mantido em uma "jaula" de vidro durante o julgamento (para protegê-lo) e questiona a legitimidade da jurisdição de Israel para interrogar um homem por crimes não cometidos lá, cometidos, de fato, mesmo antes que Israel fosse um país. Ela pensava que o único interesse do tribunal era aderir às exigências da justiça para os assassinatos cometidos por Eichmann, mas o julgamento era mais complicado do que isso por causa do seu papel como um burocrata que, ao compartimentalizar a sua consciência, facilitou a "Solução Final" e as mortes de milhões de pessoas.
Assim, o tribunal foi confrontado com um crime que ele não conseguiria encontrar em um livro de direito e com os gostos de um criminoso que ele nunca tinha visto antes. O primeiro-ministro David Ben-Gurion estava determinado a realizar um julgamento de fachada, e testemunhas após testemunhas contaram as atrocidades nazistas cometidas contra elas e suas famílias, enquanto Eichmann afirmava, e nunca vacilava, que ele nunca tinha matado ninguém.
Mesmo assim, segundo Arendt, o tribunal "tinha que definir um homem em julgamento por seus atos", porque não era possível interrogar um sistema ou uma ideologia.
As reportagens de Arendt na New Yorker distinguiam entre o mal radical de uma ideologia e o mal banal de um burocrata que seguia a lei. Os leitores de Arendt não conseguiam compreender as complexidades que ela estava tentando enfatizar e acusaram-na de tomar o lado de Eichmann. As polêmicas aumentaram quando o julgamento levantou a questão dos líderes judeus que haviam trabalhado com a Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial e que talvez haviam facilitado as mortes dos judeus. Arendt informou o fato, mas seus leitores interpretaram isso no sentido de que ela culpava o povo judeu pelas suas próprias mortes.
Eichmann, o organizador das deportações judaicas e dos campos de extermínio, logo havia defendido em sua defesa que ele só tinha "obedecido ordens". Como Arendt explica para os seus alunos em Nova York depois do julgamento, "ele insistia em renunciar a sua culpa pessoal. Ele não tinha feito nada por iniciativa própria". Em suma, Eichmann preferiu não pensar. Ele foi junto com a multidão.
Como uma filósofa que estudara com Martin Heidegger (1889-1976), com quem ela teve um intenso caso de amor, os escritos de Arendt se focavam em como a capacidade de uma pessoa de pensar é o que faz dela humana e um membro da sociedade. Os seus pontos de vista sobre abrir mão das habilidades de pensamento crítico aos outros é central para as conclusões que ela tirou do julgamento, ao qual ela via como "a totalidade do colapso moral que os nazistas causaram na respeitável sociedade europeia".
Poucas pessoas, mesmo na academia, entenderam a sua resoluta abordagem de filósofa ao relatar e avaliar as complexidades que ela via em torno do julgamento de Eichmann. Arendt ataca os seus críticos, muitos dos quais eram amigos íntimos, dizendo que os assassinatos de caráter não são argumentos, que "entender é a responsabilidade de qualquer pessoa que tenta colocar a ponta da caneta no papel sobre esse assunto", porque "tentar entender não é o mesmo que perdoar".
Na cena final do filme, Arendt responde à insistência de Eichmann de que ele estava apenas fazendo o seu trabalho e que, pessoalmente, não matara ninguém. "O maior mal do mundo é o mal cometido por ninguém", diz ela. "O mal cometido pelos homens sem motivo ou convicção, sem um coração perverso ou palavras demoníacas é o que eu chamo de 'banalidade do mal'".
Hannah Arendt, coescrito por Von Trotta e Pam Katz, não é um filme biográfico em larga escala, embora haja flashbacks à vida de Arendt quando estudante. O diálogo preenche os detalhes da sua breve internação em um campo de prisioneiros francês. O filme flui facilmente do inglês para o alemão, embora demore um pouco para se acostumar com o inglês com sotaque alemão de Sukowa. O seu desempenho é simplesmente justo. Von Trotta e Sukowa, que também interpretou Hildegard, fazem uma equipe formidável nessas histórias sobre mulheres fortes e influentes.
O roteiro parece em grande parte baseado no livro de Hannah ArendtEichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal, que inclui, com algumas edições de Arendt, os artigos publicados na New Yorker. Publicado pela primeira vez em 1963 nos Estados Unidos, o livro não foi publicado em Israel até o ano 2000. Eu descobri que a edição de 2006 do livro, com uma introdução de Amos Elon, faz uma excelente companhia para o preenchimento das questões que o filme de Von Trotta levanta.
Outra importante intelectual norte-americana da época, Mary McCarthy (Janet McTeer), é uma grande amiga de Arendt. Elas compartilham conversas sobre amor e relacionamentos. McTeer parece estranha, mas se encaixa na minha imagem dela como romancista e crítica. Embora Arendt perca seus amigos e colegas homens nas polêmicas após a série da New Yorker, seu marido fica ao lado dela. O filme termina como começa: com Arendt fumando um cigarro, pensando.
Eu achei o filme fascinante, embora o seu estilo expositivo possa não agradar a alguns. A inclusão de imagens de arquivo do julgamento de Eichmann é arrepiante, enquanto ele professa a inocência pelas mortes de 6 milhões de pessoas. Mas se você for como eu e se lembrar da captura e do julgamento de Eichmann na televisão (eu era muito jovem para apreciar a revista New Yorker), esse filme e as profundas questões que ele evoca sobre o mal e a responsabilidade humana, a legitimidade da tortura e a jurisdição nessa era de guerra como vida normal, assim como os terríveis episódios de genocídio no fim do século XX e início do século XXI, com as pessoas fazendo pouco ou nada para detê-los, valerão muito o seu tempo.