terça-feira, 28 de maio de 2013

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

O pensamento de Hannah Arendt em um filme fascinante

Fonte: Hanna Harendt CenterA diretora Margarethe von Trotta, cujo numinoso filme de 2009 Visão contou a história da vida de Santa Hildegarda de Bingen, se debruçou sobre a história de outra mulher influente, a filósofa e teórica política Hannah Arendt (1906-1975).
A análise é da irmã paulina norte-americana Rose Pacatte, diretora do Pauline Center for Media Studies de Los Angeles. O artigo foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 25-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Hannah Arendt começa em Nova York, em 1960, onde Arendt (Barbara Sukowa), uma imigrante alemã e judia secular, escreve e ensina em uma universidade. Quando o Mossad, a agência de inteligência israelense, captura o oficial nazista Adolf Eichmann e o leva clandestinamente a Jerusalém para ser julgado, Arendt, que tem um grande interesse filosófico no totalitarismo, discute com seu marido, Heinrich (Axel Milberg), sobre o fato de pedir que William Shawn (Nicholas Woodeson), o editor da revista The New Yorker, a envie para cobrir o julgamento iminente para a revista. Shawn hesita, porque, como observa o seu assistente, "os filósofos não obedecem prazos". Mas ele concorda, e Arendt parte para Israel em 1961.
O filme gira em torno da cobertura de Arendt do julgamento para a revista e das suas aulas que abordam as controvérsias que os artigos despertam em seu retorno.
Arendt fica atordoada quando fica sabendo que o réu será mantido em uma "jaula" de vidro durante o julgamento (para protegê-lo) e questiona a legitimidade da jurisdição de Israel para interrogar um homem por crimes não cometidos lá, cometidos, de fato, mesmo antes que Israel fosse um país. Ela pensava que o único interesse do tribunal era aderir às exigências da justiça para os assassinatos cometidos por Eichmann, mas o julgamento era mais complicado do que isso por causa do seu papel como um burocrata que, ao compartimentalizar a sua consciência, facilitou a "Solução Final" e as mortes de milhões de pessoas.
Assim, o tribunal foi confrontado com um crime que ele não conseguiria encontrar em um livro de direito e com os gostos de um criminoso que ele nunca tinha visto antes. O primeiro-ministro David Ben-Gurion estava determinado a realizar um julgamento de fachada, e testemunhas após testemunhas contaram as atrocidades nazistas cometidas contra elas e suas famílias, enquanto Eichmann afirmava, e nunca vacilava, que ele nunca tinha matado ninguém.
Mesmo assim, segundo Arendt, o tribunal "tinha que definir um homem em julgamento por seus atos", porque não era possível interrogar um sistema ou uma ideologia.
As reportagens de Arendt na New Yorker distinguiam entre o mal radical de uma ideologia e o mal banal de um burocrata que seguia a lei. Os leitores de Arendt não conseguiam compreender as complexidades que ela estava tentando enfatizar e acusaram-na de tomar o lado de Eichmann. As polêmicas aumentaram quando o julgamento levantou a questão dos líderes judeus que haviam trabalhado com a Gestapo durante a Segunda Guerra Mundial e que talvez haviam facilitado as mortes dos judeus. Arendt informou o fato, mas seus leitores interpretaram isso no sentido de que ela culpava o povo judeu pelas suas próprias mortes.
Eichmann, o organizador das deportações judaicas e dos campos de extermínio, logo havia defendido em sua defesa que ele só tinha "obedecido ordens". Como Arendt explica para os seus alunos em Nova York depois do julgamento, "ele insistia em renunciar a sua culpa pessoal. Ele não tinha feito nada por iniciativa própria". Em suma, Eichmann preferiu não pensar. Ele foi junto com a multidão.
Como uma filósofa que estudara com Martin Heidegger (1889-1976), com quem ela teve um intenso caso de amor, os escritos de Arendt se focavam em como a capacidade de uma pessoa de pensar é o que faz dela humana e um membro da sociedade. Os seus pontos de vista sobre abrir mão das habilidades de pensamento crítico aos outros é central para as conclusões que ela tirou do julgamento, ao qual ela via como "a totalidade do colapso moral que os nazistas causaram na respeitável sociedade europeia".
Poucas pessoas, mesmo na academia, entenderam a sua resoluta abordagem de filósofa ao relatar e avaliar as complexidades que ela via em torno do julgamento de Eichmann. Arendt ataca os seus críticos, muitos dos quais eram amigos íntimos, dizendo que os assassinatos de caráter não são argumentos, que "entender é a responsabilidade de qualquer pessoa que tenta colocar a ponta da caneta no papel sobre esse assunto", porque "tentar entender não é o mesmo que perdoar".
Na cena final do filme, Arendt responde à insistência de Eichmann de que ele estava apenas fazendo o seu trabalho e que, pessoalmente, não matara ninguém. "O maior mal do mundo é o mal cometido por ninguém", diz ela. "O mal cometido pelos homens sem motivo ou convicção, sem um coração perverso ou palavras demoníacas é o que eu chamo de 'banalidade do mal'".
Hannah Arendt, coescrito por Von Trotta e Pam Katz, não é um filme biográfico em larga escala, embora haja flashbacks à vida de Arendt quando estudante. O diálogo preenche os detalhes da sua breve internação em um campo de prisioneiros francês. O filme flui facilmente do inglês para o alemão, embora demore um pouco para se acostumar com o inglês com sotaque alemão de Sukowa. O seu desempenho é simplesmente justo. Von Trotta e Sukowa, que também interpretou Hildegard, fazem uma equipe formidável nessas histórias sobre mulheres fortes e influentes.
O roteiro parece em grande parte baseado no livro de Hannah ArendtEichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal, que inclui, com algumas edições de Arendt, os artigos publicados na New Yorker. Publicado pela primeira vez em 1963 nos Estados Unidos, o livro não foi publicado em Israel até o ano 2000. Eu descobri que a edição de 2006 do livro, com uma introdução de Amos Elon, faz uma excelente companhia para o preenchimento das questões que o filme de Von Trotta levanta.
Outra importante intelectual norte-americana da época, Mary McCarthy (Janet McTeer), é uma grande amiga de Arendt. Elas compartilham conversas sobre amor e relacionamentos. McTeer parece estranha, mas se encaixa na minha imagem dela como romancista e crítica. Embora Arendt perca seus amigos e colegas homens nas polêmicas após a série da New Yorker, seu marido fica ao lado dela. O filme termina como começa: com Arendt fumando um cigarro, pensando.
Eu achei o filme fascinante, embora o seu estilo expositivo possa não agradar a alguns. A inclusão de imagens de arquivo do julgamento de Eichmann é arrepiante, enquanto ele professa a inocência pelas mortes de 6 milhões de pessoas. Mas se você for como eu e se lembrar da captura e do julgamento de Eichmann na televisão (eu era muito jovem para apreciar a revista New Yorker), esse filme e as profundas questões que ele evoca sobre o mal e a responsabilidade humana, a legitimidade da tortura e a jurisdição nessa era de guerra como vida normal, assim como os terríveis episódios de genocídio no fim do século XX e início do século XXI, com as pessoas fazendo pouco ou nada para detê-los, valerão muito o seu tempo.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Celebrando Kierkegaard, um pensador apaixonado. Artigo de George Pattison

Celebrando Kierkegaard, um pensador apaixonado. Artigo de George Pattison

Desilusões perdidas: Por que um ser humano aparentemente normal decide ...

Desilusões perdidas: Por que um ser humano aparentemente normal decide ...: Porque ele nunca foi bom nessa coisa de álgebra, geometria plana, progressões aritméticas. Porque ele acredita em cartomante, no Guia do E...

Bicentenário lembra filósofo dinamarquês Kierkegaard, "pai do existencialismo"

Bicentenário lembra filósofo dinamarquês Kierkegaard, "pai do existencialismo"

Bicentenário lembra filósofo dinamarquês Kierkegaard, "pai do existencialismo"

O intelectual imortal Soren Kierkegaard completa 200 anos no domingo (5). O filósofo lírico dinamarquês é amplamente considerado o pai do existencialismo, um movimento filosófico e literário que enfatiza a categoria do individual e medita sobre questões diáfanas tais como: há um sentido na vida?
O artigo é de Gordon Marino,  professor de filosofia e diretor da Biblioteca Hong-Kierkegaard, no Saint Olaf College, em Northfield, Minnesota, e publicado pelo International Herald Tribune e reproduzido pelo Portal Uol, 04-05-2013.
Sem causar surpresa, o existencialismo atingiu seu zênite após a humanidade ter dado uma boa olhada em si mesma no espelho do Holocausto, mas então as lembranças desapareceram, as economias prosperaram e o existencialismo começou a parecer um pouco esgotado.
Mesmo assim, ao longo dos altos e baixos do mercado erudito, o mundo intelectual permaneceu otimista em relação a Kierkegaard, em parte porque o dinamarquês, diferente de outros membros do grêmio de Sócrates, sempre tratou do que os seres humanos enfrentam em si mesmos, a ansiedade, a depressão, o desespero e a passagem do tempo.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Desilusões perdidas: Extratos do diário de Bruna Jornalistinha

Desilusões perdidas: Extratos do diário de Bruna Jornalistinha: “Foi a maior pauta que encarei na vida. Confesso que estava assustada. Mas depois relaxei e a coisa rolou de Extratos do diário de Bruna Jornalistinha
 



“Foi a maior pauta que encarei na vida. Confesso que estava assustada. Mas depois relaxei e a coisa rolou de uma forma bem gostosa. Entrevistar cinco fontes quase ao mesmo tempo não é trabalho para amadoras. Mas eu dei conta. Sempre dou.”

“Adorei o entrevistado de hoje. Homem sério, discreto. Foi direto às respostas. Gosto de homens práticos. E ele não ficou com aquela de ler a matéria antes da publicação. Odeio os caras que ficam pedindo isso. Eles precisam ter mais respeito, limites.”

“Alguns assessores sabem como fazer uma repórter feliz. E a palavra mágica é variar. Foi o caso do moço de hoje. Ninguém aguenta mais press kit com caneta de brinde. O assessor me presenteou com um smartphone. Que tudo. Tento manter o lance do profissionalismo, mas este cara me levou à loucura.”

“Sempre que saio para uma pauta com um fotógrafo, sento no banco de trás do carro. O fotógrafo vai ao lado do motorista, todo-todo, mudando a porra da estação do rádio, bração para fora da janela clicando a bunda das moças na rua. Mas hoje inverti as posições. Avisei pra ele querido, tua vez de ir no banco de trás. E ele topou. Foi uma experiência excitante.”

“Sou contra beijo na boca, mas hoje não resisti. Era muita felicidade para uma jornalista só e o beijo foi uma forma de expressar gratidão. Meu editor disse que eu seria, enfim, contratada, CLT, férias, aquela caralhada toda de benefício. E ainda me deu um aumento de salário. Lindo, né? Espero que a esposa dele não fique sabendo de nada.”


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quinta-feira, 2 de maio de 2013